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quarta-feira, 25 de julho de 2012

Devaneios de um fim de tarde - Você poderia ligar



Um, dois, três. Um, dois, três. Estou contando a mesma sequência há exatamente uma hora. Eu estou aqui, esperando. Sei lá, esperando você entrar no MSN ou então me mandar aquelas mensagens bregas de boa noite. Porque, mesmo não querendo admitir, eu sinto a sua falta. Não é aquela coisa que me derruba e me deixa batendo os dentes de nervosismo. Isso na verdade só acontece quando eu te vejo. Mas, querendo ou não, eu ficaria feliz que você desse sinal de vida de vez em quando. Sei lá, só pra eu saber que você tá bem. Que você ainda existe e que, sei lá, às vezes pensa em mim. Eu não sei mais o que sinto por você, porque, no mesmo momento em que meu peito arde pela sua ausência, minha mente grita para que você morra. Quero dizer, eu sei sim. Sei com a mais absoluta certeza. Eu sei que agora você deve estar numa festa qualquer, enchendo a cara com vodca barata e pegando alguma piranha fácil. E eu sei que amanhã você provavelmente vai acordar e sair correndo, dizendo que tem aquele almoço importante de família. Aí você vai sair e me ligar. Eu sei que você vai. E você vai dizer que a noite foi boa, mas que está sentindo minha falta. E eu vou me derreter por dentro, mas eu vou saber que é mentira. Porque é isso que você faz. Você mente. Descaradamente, incondicionalmente. Tudo o que você sabe fazer é mentir. Então eu vou desligar o telefone na sua cara. E vou chorar a tarde toda, até meus olhos ficarem parecidos com duas batatas. Mas tudo bem, você não vai se preocupar muito porque sua lista é bem longa, e com certeza vai ter alguém que aceitará o seu convite. E aí você vai falar pra ela aquelas mesmas palavras decoradas que você fala para todas. E mesmo me odiando por isso, eu tenho que dizer: eu não queria que você ligasse amanhã. Eu queria que você ligasse agora. E aí falasse qualquer porcaria que me fizesse acreditar em você, nem que fosse por um instante sequer. Eu queria que você ligasse pra falar do seu jeito torto que sentiu minha falta, e eu queria que fosse verdade. Queria mesmo. Queria que você alugasse um filme idiota pra gente assistir comendo pipoca de manteiga. Merda, como eu queria isso. Merda, como eu odeio gostar de um canalha. Eu deveria seguir em frente, sabe. Mandar você pro espaço e viver a minha vida. Mas, merda de novo, eu não consigo. Agora estou sentada na cama com o celular na mão e o seu número na tela pronto pra discar. Mas eu não posso fazer isso porque aí você vai achar que me tem na mão. E tem mesmo. E sabe disso. Então... Por que mesmo eu não deveria ligar? Não, não, não! – Suspira – Um, dois, três. Um, dois, três.

Por: Marri

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