Um, dois, três. Um, dois, três. Estou contando a mesma
sequência há exatamente uma hora. Eu estou aqui, esperando. Sei lá, esperando
você entrar no MSN ou então me mandar aquelas mensagens bregas de boa noite.
Porque, mesmo não querendo admitir, eu sinto a sua falta. Não é aquela coisa que
me derruba e me deixa batendo os dentes de nervosismo. Isso na verdade só
acontece quando eu te vejo. Mas, querendo ou não, eu ficaria feliz que você
desse sinal de vida de vez em quando. Sei lá, só pra eu saber que você tá bem.
Que você ainda existe e que, sei lá, às vezes pensa em mim. Eu não sei mais o
que sinto por você, porque, no mesmo momento em que meu peito arde pela sua ausência,
minha mente grita para que você morra. Quero dizer, eu sei sim. Sei com a mais
absoluta certeza. Eu sei que agora você deve estar numa festa qualquer,
enchendo a cara com vodca barata e pegando alguma piranha fácil. E eu sei que
amanhã você provavelmente vai acordar e sair correndo, dizendo que tem aquele
almoço importante de família. Aí você vai sair e me ligar. Eu sei que você vai.
E você vai dizer que a noite foi boa, mas que está sentindo minha falta. E eu
vou me derreter por dentro, mas eu vou saber que é mentira. Porque é isso que
você faz. Você mente. Descaradamente, incondicionalmente. Tudo o que você sabe
fazer é mentir. Então eu vou desligar o telefone na sua cara. E vou chorar a
tarde toda, até meus olhos ficarem parecidos com duas batatas. Mas tudo bem,
você não vai se preocupar muito porque sua lista é bem longa, e com certeza vai
ter alguém que aceitará o seu convite. E aí você vai falar pra ela aquelas
mesmas palavras decoradas que você fala para todas. E mesmo me odiando por
isso, eu tenho que dizer: eu não queria que você ligasse amanhã. Eu queria que
você ligasse agora. E aí falasse qualquer porcaria que me fizesse acreditar em
você, nem que fosse por um instante sequer. Eu queria que você ligasse pra
falar do seu jeito torto que sentiu minha falta, e eu queria que fosse verdade.
Queria mesmo. Queria que você alugasse um filme idiota pra gente assistir
comendo pipoca de manteiga. Merda, como eu queria isso. Merda, como eu odeio
gostar de um canalha. Eu deveria seguir em frente, sabe. Mandar você pro espaço
e viver a minha vida. Mas, merda de novo, eu não consigo. Agora estou sentada
na cama com o celular na mão e o seu número na tela pronto pra discar. Mas eu
não posso fazer isso porque aí você vai achar que me tem na mão. E tem mesmo.
E sabe disso. Então... Por que mesmo eu não deveria ligar? Não, não, não! –
Suspira – Um, dois, três. Um, dois, três.
Por: Marri
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