Muito pouco havia sido dito. Para quê palavras, quando os
olhos falavam tudo? Mostravam todas aquelas coisas que ambos queriam dizer, mas
não tinham coragem de falar. Fazia frio naquele dia. O frio que havia entre
eles, no entanto, era maior.
As lágrimas estavam a ponto de cair daqueles grandes olhos
castanhos. Mas elas foram seguradas, porque ela não queria demonstrar fraqueza.
O que iria fazer agora? Dedicara tudo a ele. Tudo o que pensava e fazia de
alguma maneira sempre se voltava a ele. Sempre, sempre fora ele. Somente ele.Ele a encarava. Aqueles olhos castanhos o lembravam da cor da terra molhada após a chuva, e era aquilo o que o encantava tanto. Fizera tudo o que pôde. Tentara salvar os restos do que haviam sido um dia. Ele lembrava a primeira vez que a vira. Tão serena, tão linda. Ele ainda a amava. Queria abraçá-la naquele momento. Mas ele não podia. Não havia mais nada a ser feito.
Tudo dera errado. Palavras mal compreendidas, gestos não
convencionais. Pouco a pouco, tudo fora se acabando. Por que, então, deveriam
continuar tentando? Se seu sentimento não havia sido o suficiente, o que mais
seria?
A lágrima finalmente escorreu por entre seu rosto delicado.
Ele quis consolá-la naquele momento. Quis abraça-la e não soltá-la nunca mais. Mas não o fez. Colocou as mãos no bolso do
casaco xadrez e disse:- Então, acho que isso é um adeus.
Olhou os grandes olhos castanhos novamente, na esperança de guardá-los em sua memória. Então virou as costas e partiu.
No céu, um raio iluminou a noite vazia. Os olhos castanhos
começaram a chorar. A chuva começou a cair no chão.
Por: @marrisilva
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