Páginas

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Devaneios de Um Fim de Tarde: O Fim



Muito pouco havia sido dito. Para quê palavras, quando os olhos falavam tudo? Mostravam todas aquelas coisas que ambos queriam dizer, mas não tinham coragem de falar. Fazia frio naquele dia. O frio que havia entre eles, no entanto, era maior.
As lágrimas estavam a ponto de cair daqueles grandes olhos castanhos. Mas elas foram seguradas, porque ela não queria demonstrar fraqueza. O que iria fazer agora? Dedicara tudo a ele. Tudo o que pensava e fazia de alguma maneira sempre se voltava a ele. Sempre, sempre fora ele. Somente ele.

Ele a encarava. Aqueles olhos castanhos o lembravam da cor da terra molhada após a chuva, e era aquilo o que o encantava tanto. Fizera tudo o que pôde. Tentara salvar os restos do que haviam sido um dia. Ele lembrava a primeira vez que a vira. Tão serena, tão linda. Ele ainda a amava. Queria abraçá-la naquele momento. Mas ele não podia. Não havia mais nada a ser feito.

Tudo dera errado. Palavras mal compreendidas, gestos não convencionais. Pouco a pouco, tudo fora se acabando. Por que, então, deveriam continuar tentando? Se seu sentimento não havia sido o suficiente, o que mais seria?
A lágrima finalmente escorreu por entre seu rosto delicado. Ele quis consolá-la naquele momento. Quis abraça-la e não soltá-la nunca mais.  Mas não o fez. Colocou as mãos no bolso do casaco xadrez e disse:
- Então, acho que isso é um adeus.

Olhou os grandes olhos castanhos novamente, na esperança de guardá-los em sua memória. Então virou as costas e partiu.

No céu, um raio iluminou a noite vazia. Os olhos castanhos começaram a chorar. A chuva começou a cair no chão.

Por: @marrisilva

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O que achou do post?

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...