Há dias tento explicar para mim mesma o porquê de não
conseguir escrever. De ficar horas e horas parada na frente do computador,
vendo uma página em branco no Word e não conseguir fazer nada. Talvez as
palavras estejam fugindo de mim. Ou então talvez seja eu quem esteja fugindo delas.
Sabe, palavras têm um poder arrebatador. Destruidor, às
vezes. E elas sempre trazem à tona todas aquelas coisas que ficam martelando
dentro da cabeça, mas que não podem ser ditas em voz alta. Por isso às vezes eu prefiro ficar longe delas.
Mas agora eu preciso falar. Ou melhor, escrever.
Não é como se de fato eu me sentisse triste ou algo assim. É
mais como se tudo não tivesse mais graça. Como se as coisas fossem vazias e sem
cor, como se o mundo fosse apenas um grande monte de nada e os dias passassem
muito devagar. Como se tudo estivesse “mais ou menos”. Talvez eu esteja ficando
velha precocemente.
Eu olho para o sol e o vejo brilhando lá, majestoso e inalcançável.
Às vezes eu queria ser o sol. Para que ninguém pudesse chegar um pouco que
fosse perto de mim, pois caso contrário tudo viraria apenas pó. Eu simplesmente
não vejo mais beleza. Nem nas flores coloridas da primavera, nem nos pássaros
voando pelo céu. A monotonia me entedia. O que está acontecendo, afinal?
Eu sinto raiva de tudo. Sinto raiva de como as pessoas são
más. Eu sinto raiva de como o homem quer transformar tudo em dinheiro. De como
todos são manipulados e explorados sem ao menos se darem conta disso. Não há
mais nada bom por aqui. Quando eu fecho os olhos, só consigo imaginar um rolo
compressor passando por cima de mim.
Eu gostaria de voltar a sorrir porque tenho vontade e não
porque sou forçada. Eu quero voltar a levantar todos os dias e ficar feliz simplesmente porque ser feliz é bom. Eu preciso de uma cura. Esses meios termos que me rodeiam já não me satisfazem mais.
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