Devaneios de um fim de tarde: Sobre dores e perdas

Como tudo pôde mudar tão de repente? Rápido como um vulto passando por meus olhos perdidos. Eu costumava pensar que estava acima dessas coisas. É, essas coisas de dores e perdas. Talvez, em algum remoto canto de minha mente barulhenta, eu pensasse que essas coisas na verdade, nem ao menos existiam. É fácil julgar o sofrimento de alguém até que se passe por algo semelhante.

Acontece que ninguém está imune a nada. A vida passa, as coisas mudam, o tempo continua correndo. E o que você pensava que era, um segundo depois já não é mais.

Pudera eu voltar no tempo e consertar todos aqueles pequenos detalhes que passaram despercebidos. Quisera eu pensar que tudo às vezes não passara de um sonho ruim e que, hora ou outra eu poderia acordar e respirar aliviada. Quisera eu poder dizer tudo aquilo que me sufoca por dentro e expulsar o que não me faz bem.

Estava ali, embaixo do meu nariz. As coisas tomaram proporções não estipuladas, as paredes tornaram-se mais fortes. A distância apenas continuou a aumentar. O que acontecera jamais fora além do que já previsto. Mas, ainda assim, doeu.

Questionei- me por muito tempo tentando entender o porquê de o sofrimento existir. Obviamente, não é algo bom ou agradável de se ter. Te oprime, te rebaixa, te faz chorar. Por que, então, algo tão ruim e doloroso deveria existir? Simples. Porque é com a dor que se aprende a viver. Porque quando você a sente, torna-se sensível a do outro.

Imagino então, entre meus pensamentos nebulosos e atormentados, o dia em que as coisas finalmente poderiam ser “normais” novamente. O dia em que não precisaremos nos falar como estranhos que não sabem como interagir entre si. O dia em que poderei olhar para trás sem sentir mágoa por tudo o que aconteceu ou poderia ter acontecido. O dia em que finalmente me sentirei livre novamente. Livre como um pássaro voando no céu.

Por: @marrisilva