Sentia-se sufocada. Como se alguém segurasse em seu pescoço
e a obrigasse a não respirar. Sentia como se nada mais realmente valesse a pena.
Disseram-lhe para que não se sentisse daquela maneira. “Ora, ora, menina
bonita, a vida é muito mais do que você imagina. Existem flores e estrelas,
música e chocolates. Existe a chuva, o sol e o mar. Existem os amores e, melhor
ainda, existem aqueles anjos que sempre andam com você”. Lembrava-se com
perfeição das palavras ditas pelo velho rabugento que mais amava no mundo. No
meio da multidão, ela quis chorar.
Tudo se tornara tão estranho. Sentia falta. Sentia tanta,
tanta falta. Mas do quê? Como se pode sentir tanto por aquilo que nunca se
teve? Olhou para o céu. As estrelas faziam-na viajar, e ela se questionava se
alguém, em algum lugar do mundo, poderia estar olhando para as mesmas estrelas
naquele mesmo momento. A música tocava alto. Por que ela estava naquele lugar
mesmo? Não conseguia se lembrar. Tudo o que sabia era que estava cansada demais
para pensar em qualquer coisa. Estava tonta, amedrontada e sentia-se sozinha.
Tão sozinha.
Decidiu sair dali. O copo em sua mão já estava quente.
Estava andando torpe, devagar e trôpega. Caiu. E então as lágrimas começaram a
brotar de seus olhos amargurados. Enquanto o sangue escorria por suas mãos
geladas, pensou no por quê de ainda estar viva. Havia perdido tanto. Sentia
falta do invisível, do inalcançável e inatingível. E ainda por cima estava
bêbada.
Ao seu redor, as pessoas a encaravam, curiosas e maldosas.
Sentiu- se ainda pior. No fundo de sua alma sentia- se caindo cada vez mais.
Mas algo a segurou. Uma mão em seu ombro. Um sorriso tão sincero e uma simples frase:
"Venha comigo".
Lembrou- se então, que eram eles quem a seguravam. Seus
anjos nunca a deixavam sozinha. Seus anjos eram seu maior tesouro.
“Ora, ora, menina bonita. Você não sabe agora, mas vai
descobrir. Os anjos vivem na terra, sim, eles vivem. Eles apenas são chamados
de outros nomes por aqui. Eles são chamado de amigos.”
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